quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Enterrar os sentidos numa campa de estrelas
Escreve o teu nome a preto e branco
e atrás de cada letra
diz o que ficou por fazer
antes que morras com as palavras presas na tua boca.
Tenta agora pensar um pouco
mas não tentes pensar tudo de uma vez
porque os teus pensamentos podem ser pesados...
Deixa que eles se passeiem livremente na tua cabeça
e em tempo algum não lhes force a saída
porque o teu coração é que tem na mão o comando
e tu aqui não mandas em nada!
Olha para o chão...
Estás à espera de quê?
Que te peçam por favor!!
Eu disse...OLHA PARA O CHÃO...
E não vale a pena tentares desviar o olhar
só porque não te agrada
ver os passos que deixaste ficar para trás
quando perdeste a coragem de seguir em frente
e recuaste no teu tempo.
Agora que já conheces a cor dos passos
com que pintas o teu chão de pedras
dá um passo em frente...
Achas que vai cair
só porque essa vertigem de lamentos que te assola
desequilibra o teu andar
e o corpo abana como se fosse uma boneca de trapos?
Desengana-te... porque ainda não chegou a tua hora
e nenhum buraco espera os teus ossos
com essa capa de carne tenra que ainda tens colada a ti.
Estás demasiado viva
para morreres de dor...
Queres saber um segredo?
Chega mais perto
e ouve bem ...
O teu nome não é JULIETA
e o teu amor nunca se chamou ROMEU.
Então... resta-te descobrir melhor o céu nos teus dias
porque a terra não tem ainda morada para ti.
Por isso esta noite olha para ele atentamente
mesmo que ele não te pareça tão estrelado como sonhaste ontem.
E se alguém te disser que as nuvens cinzentas
que vês pregadas às estrelas
no passado não existiam no teu horizonte...
Podes rir à vontade na sua cara
porque tu sabes
que essas nuvens estiveram sempre guardadas no teu bolso
Hoje limitaste a soltá-las um pouco mais cedo
e foi por isso que o céu chorou por ti antes da hora marcada...
sábado, 2 de maio de 2009
Poesia descartável
Video amador-por favor ouvir no volume máximo
Olá a todos...
Sejam bem vindos ao espaço Poesia Descartável..um espaço onde as palavras são meros objectos e a voz apenas mais um brinquedo da alma.
Neste primeiro programa,a escritora Daniela Pereira apresenta o poema "Sou filha das palavras que sentem" do livro Afectos Obsessivos
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terça-feira, 28 de abril de 2009
Vamos falar de amor...calados?
O tempo passa e o coração permanece parado...
Estático na sua timidez de amar...
Ávido por uma batida mais intensa
por um fôlego apressado...
Por um toque na pele sentido na boca.
O amor não pensa...
O amor entrega e rouba
tudo o que é racional...
Prende-te os sorrisos
com teias de mel...
Amarra-te os sentidos
com abraços sem folga...
Bebe-te o olhar
com dois copos de vinho branco bem servidos.
Devora-te o peito
e tu lambes os restos que amores antigos deixaram
ansioso pelo gosto de uma nova sobremesa.
Como mostramos o que sentimos ao amar?
Como se pinta o tecto com beijos multicolores
usando o vermelho como fundo na tela?
Como se respira devagar
quando os pulmões
fazem redemoinhos com ar na boca?
O amor não pensa...
Fecha os olhos à noite
e a tua imagem vem-lhe à cabeça
como um sonho bom
que cortas em pedaços
para saborear com sumo de limão.
Amas demais...
Esqueces tudo à tua volta
e só vês um corpo
esculpido nas sombras...
Todos os rostos
são monótonos
se não são aquele rosto
que idealizaste em ti.
Todos os beijos
são iguais...
Sabem a pouco
Se os teus lábios
não estão despidos
de beijos passados.
Então amas com cuidado...
És frágil nas entregas,
porque o teu coração dos portões de ferro
fez portas de cristal.
Amas com o coração
Mas amar... fode-te sempre a cabeça
Daniela Pereira in Afectos Obsessivos,Edições Ecopy 2007
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